A arte que ganha forma como reacção directa ao quotidiano faz mais sentido do que nunca. Com o tumulto a urdir ao longe, resta-nos a arte como um lugar de liberdade, criatividade, reflexão e questionamento - livre de julgamentos e juízos de valor. E, porque a arte gera empatia, porque é universal, e porque, no final de contas, é muitas vezes o único lugar onde nos permitimos ser nós mesmos, este também deve ser um lugar onde é permitido haver dor, raiva ou melancolia. E é precisamente no epicentro de todas estas emoções e lugares nas suas multitudes que acontece o 14ª ZigurFest - livre como nunca, resistente como sempre, emocional como só ele sabe.

Como em todos anos desde 2011, movem-nos o risco e a descoberta, que não existem um sem o outro. Mas não se enganem: este cartaz é um reflexo directo dos tempos que vivemos na sua natureza vertiginosa, palpitante, e urgente, que se manifesta mesmo nos seus momentos aparentemente calmos.

Esta história escreve-se a muitas mãos, e todos os anos estreia um capítulo novo, sempre diferente do anterior e recheado de personagens frescas e cativantes. Está nas nossas mãos fazer a história: venham escrevê-la – e vivê-la - connosco.

Assim, reforçamos a estreita relação com o nosso vasto território (e as suas pessoas, conhecimentos, heranças e patrimónios) com as residências de criação e investigação de Maria R Soares com a comunidade local, Tiago Sousa com o Coro da Santa Casa da Misericórdia, Bá Álvares e Eloísa Micaelo com a Associação Portas Prá Vida (numa continuação dos trabalhos iniciados em 2023 e Ruca Bourbon em estreita colaboração com a Associação Desportiva de Avões, local em que nos estreamos este ano; inauguramos um palco no Bairro da Ponte e à beira-rio para receber ladoazul e João Grilo + Suzana; regressamos ao Horto do Castelo com os Cat Soup e Moira; comungamos na Alameda ao lado de Riça, bbb hairdryer, Marquise e DJ Lynce; planamos sobre a cidade no Centro Cívico com Garoa e Cíntia & Rezmorah; celebramos a liberdade na Olaria com Monch Monch e Papié Maché; exultamos à dança no Museu com O Triunfo dos Acéfalos e Zancudo Berraco.

Do hip-hop ao rock, da música experimental aos refrões orelhudos, ora ariscos ora melosos, celebramos a liberdade, a diversidade e a total ausência de espartilhos. E fazemo-lo com parceiros locais que nos ajudam a ser cada vez mais acessíveis e a garantir um futuro sustentável para o presente e futuro do festival: a Associação Portas Prá Vida e a criatividade dos seus utentes, a Rádio Clube de Lamego e o seu vasto auditório, e a escola LGP Movimento que vai emprestar o seu know-how à interpretação em língua gestual portuguesa do concerto de Riça e a outros momentos do festival.


No ano passado a história foi esta e queremos continuar a escrever este ano.
Venham escrevê-la – e vivê-la - connosco.



O ZigurFest é um festival organizado pela Zigur - Associação Cultural, com o apoio do Município de Lamego e da DGArtes.